Livro Auto da Compadecida – Resumo

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Auto da Compadecida“, obra de Ariano Suassuna, mistura humor e crítica social, ambientada no sertão e combinando tradições teatrais brasileiras e europeias. A narrativa segue João Grilo e Chicó, que enfrentam desafios com esperteza, tocando em temas como vida, morte e justiça de maneira esperançosa.

A história envolve a dupla em conflitos com figuras sociais como o padre e o padeiro, usando suas aventuras para discutir hipocrisia e moralidade. A peça convida à reflexão sobre valores humanos, em um tom tanto divertido quanto sério.

O clímax é um julgamento celestial, onde figuras como Jesus e a Compadecida julgam os personagens, destacando redenção, bondade e perdão. “Auto da Compadecida” vai além do entretenimento, oferecendo uma visão otimista sobre a capacidade de redenção humana.

Resumo do Livro

A obra inicia apresentando os protagonistas: João Grilo, um homem esperto e cheio de recursos, e Chicó, seu amigo, conhecido por sua covardia e por contar “causos” improváveis. Juntos, eles se envolvem em uma série de confusões, enganando a morte e o diabo, além de lidarem com personagens representativos da sociedade, como o padeiro avarento e sua esposa adúltera, o padre e o bispo, todos retratados de maneira caricata, expondo suas hipocrisias e vícios.

O ponto central da trama ocorre após a morte dos personagens, que são levados a um tribunal celestial para serem julgados. Nesse momento, a peça se transforma em um auto de julgamento, onde as ações e as escolhas feitas em vida são avaliadas. O Diabo, esperançoso por almas para levar ao inferno, se decepciona ao ver seus planos frustrados pela intervenção de Nossa Senhora, aqui chamada de Compadecida. Ela intercede por João Grilo e os demais, demonstrando a misericórdia divina mesmo para com aqueles que viveram à margem da moralidade.

A Compadecida, representando a figura materna e misericordiosa, consegue do Filho a graça para os personagens, mostrando que, apesar de suas falhas e pecados, todos merecem a chance de redenção. João Grilo, em particular, é salvo por seus momentos de bondade, revelando que as boas ações, por menores que sejam, têm grande valor aos olhos divinos.

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No final, “Auto da Compadecida” deixa uma mensagem de esperança e fé na humanidade e na misericórdia divina. A obra é um retrato afetuoso e crítico do povo nordestino, valorizando suas tradições, sua religiosidade popular e sua capacidade de enfrentar as adversidades com humor e inteligência. Ariano Suassuna, através de uma narrativa rica em elementos culturais e simbolismos, oferece um texto que é ao mesmo tempo leve e profundo, fazendo desta peça um marco da literatura brasileira.

Personagens da Obra

O livro apresenta um elenco de personagens ricos e variados, cada um desempenhando um papel crucial na narrativa e na crítica social tecida pelo autor. Aqui está um olhar sobre os principais personagens:

  • João Grilo: Um homem pobre, mas extremamente astuto e esperto, que usa sua inteligência para sobreviver no sertão árido e enganar os outros personagens, incluindo figuras de autoridade. Apesar de suas malandragens, João Grilo tem um bom coração e busca a redenção.
  • Chicó: Melhor amigo de João Grilo, é conhecido por sua covardia e por contar histórias fantasiosas. Embora muitas vezes pareça ingênuo e medroso, sua lealdade a João Grilo e seu bom humor são inquestionáveis.
  • O Padre: Representa a igreja e a religião, mas de uma forma crítica. Suassuna o retrata como um personagem hipócrita, mais preocupado com o dinheiro e o status social do que com os ensinamentos cristãos e o bem-estar de sua comunidade.
  • O Bispo: Assim como o padre, o bispo é retratado de maneira crítica, simbolizando a corrupção dentro da igreja. Ele é avarento, autoritário e distante das verdadeiras necessidades do povo.
  • O Padeiro: Um homem ganancioso e mesquinho, cuja preocupação principal é o lucro. Sua relação com os outros personagens revela a exploração e a injustiça social.
  • A Mulher do Padeiro: Infeliz em seu casamento, ela busca amor e atenção fora do matrimônio. Sua personagem discute temas como adultério e a busca por afeto.
  • O Diabo: Representa o mal e a tentação, mas em “Auto da Compadecida”, ele é também uma figura cômica, frequentemente enganado por João Grilo e Chicó. Sua presença questiona a natureza do bem e do mal e o poder da astúcia humana.
  • A Compadecida: A Virgem Maria, que atua como advogada dos pobres e pecadores no julgamento celestial. Sua misericórdia e compaixão são centrais para a mensagem da peça, destacando a importância do perdão e da redenção.
  • Jesus Cristo: Embora apareça brevemente, sua presença é decisiva. Ele julga os personagens com justiça e misericórdia, ouvindo os argumentos da Compadecida e concedendo a redenção aos personagens.

Cada personagem em “Auto da Compadecida” serve não apenas para mover a trama, mas também para refletir sobre aspectos da sociedade brasileira, a natureza humana, e os conceitos de justiça e misericórdia. Suassuna cria um microcosmo do mundo, onde cada personagem, com suas virtudes e defeitos, contribui para o rico tapeçário que é esta obra.

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Auto da Compadecida – O Filme

“Auto da Compadecida” conquistou corações com sua história envolvente, humor afiado e uma profunda crítica social, características que a tornaram uma candidata ideal para ir além dos palcos. A obra de Ariano Suassuna, que de forma magistral retrata o Nordeste brasileiro, possui um charme tão único que sua transição para o cinema era quase inevitável. Assim, quando a oportunidade surgiu, não só permitiu que a história alcançasse uma audiência mais vasta, como também reafirmou a universalidade de suas mensagens, quebrando barreiras culturais e temporais.

Lançado no ano 2000, o filme “O Auto da Compadecida”, sob a direção de Guel Arraes, fez justiça ao texto original. Mantendo a essência da narrativa, o humor característico e a crítica social afiada de Suassuna, a adaptação se firmou como um marco na história do cinema brasileiro. Aclamado por crítica e público, o filme destaca-se não apenas pela fidelidade à obra, mas também pelas atuações memoráveis, especialmente as de Matheus Nachtergaele e Selton Mello, que deram vida a João Grilo e Chicó de maneira inesquecível.

Além de ser uma adaptação fiel, “O Auto da Compadecida” conseguiu ampliar o impacto da obra, apresentando a rica cultura nordestina e explorando as complexidades humanas e sociais para novas gerações. O filme, assim como o livro, se estabeleceu como um clássico, atemporal em sua habilidade de encantar e provocar reflexão, provando que as histórias de Suassuna não apenas sobrevivem ao tempo, mas florescem, inspirando continuamente o público com sua genialidade.

Autor do Livro

Ariano Suassuna, paraibano nascido em 1927 e falecido em 2014, destacou-se como um dos principais escritores e dramaturgos do Brasil, imortalizado por sua contribuição à literatura e ao teatro. Enraizado na cultura nordestina, seu trabalho reflete a riqueza de tradições e folclore dessa região, experiências do sertão que moldaram suas histórias e personagens.

Com formação em direito e filosofia, Suassuna valorizou a simplicidade ao expressar ideias complexas, utilizando humor e crítica social. “Auto da Compadecida”, sua obra-prima, exemplifica essa técnica, misturando elementos culturais do Nordeste com uma narrativa universalmente atraente, abordando justiça, moralidade e felicidade.

Fundador do Movimento Armorial, Suassuna buscou elevar as artes populares a um patamar erudito, inspirando-se nas tradições nordestinas. Até o fim de sua vida, dedicou-se a ensinar e promover a cultura brasileira, influenciando gerações na valorização da diversidade cultural do país.

Conclusão

Em conclusão, “Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna é uma obra-prima que reflete a essência do povo nordestino, com sua fé resiliente e sua capacidade de enfrentar adversidades com humor e astúcia. A peça teatral, rica em elementos folclóricos e religiosos, não apenas entretém, mas também provoca reflexão sobre a moralidade e a justiça, destacando a misericórdia como um valor universal e redentor.

A narrativa, que se desdobra em um julgamento celestial, reforça a ideia de que, apesar das falhas humanas, há sempre espaço para a redenção. Suassuna, com sua habilidade única de contar histórias, cria um legado atemporal que continua a ressoar com leitores e espectadores, celebrando a cultura e a identidade brasileira.

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